quinta-feira, 20 de dezembro de 2012


| o silêncio faz falta |

As pessoas perderam o sentido do silêncio. Ele deveria dominar a nossa vida. Devido à nossa natureza física, do cérebro unitário e impartilhável que cada um de nós carrega, estamos fadados a ficar em nossa companhia o tempo inteiro. Isso é bom, estávamos acostumados, mas, de alguma forma, parece que perdemos o jeito. Agora temos de falar o tempo todo para espantar o convívio com o silêncio interior.
O telefone celular e a internet – as redes sociais, que a gente agora carrega no bolso – parecem ter despertado uma monstruosa fraqueza humana. Somos socializadores compulsivos. Diante da possibilidade de falar, espiar a vida do outro, se exibir ou fofocar, não resistimos. Há um vazio dentro de nós que só assim conseguimos preencher. É o medo de estar sós, isolados, longe do calor do grupo. Nós nos sentimos assim nas grandes cidades, e por isso falamos tanto, telefonamos tanto, twitamos tanto, lemos e atualizamos o Facebook o tempo todo: é a nossa forma de esticar a mão e tentar alcançar o outro. Pela palavra, tentamos acalmar o bicho assustado dentro de nós.
Apesar disso – ou por causa disso – o silêncio faz falta. Precisamos dele para ouvir os nossos pensamentos. Precisamos dele para pesar o valor das palavras, ou das músicas, ou dos filmes, ou da internet. No silêncio encontramos respostas, soluções, inspirações, ideias. Mesmo sem perceber.

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