" Tenho a cabeça na lua, os pés na rua e o coração no mar. Ah, mar!
Tenho ares de menina e tempestades de mulher. Eu mal sei pintar as
unhas, mas se me trazes uma tela eu sei pintar. E se pudesse, subia uma
escada pra chegar mais alto onde eu possa alcançar e, assim, mostrar pro
mundo a cor do meu pincel, o meu barco de papel que aprendi a dobrar.
Vez em quando sou flor, vez em quando sou pedra. Mas, se você é vento,
sou folha seca e vou contigo. Eu tenho uns truques na manga e dentro da
minha cartola existe tudo que eu não quero esquecer. Sou tão mágica que
às vezes fico invisível. Enquanto uns fazem tempestade em copo d’água, a
minha é em xícara de café. Aquelas xícaras decoradas de florzinhas e
borda dourada. Delicada e amarga. Eu mal sei cuidar de mim, mas sei
cuidar de muita gente. Mesmo com o coração no mar, ah, mar! Mesmo tendo
que subir escadas para pintar o céu e não ficar invisível num passe de
mágica. Eu sei ser feliz, em pedra, em flor, em folha que acompanha teu
vento. Sei amar, mesmo fazendo tempestade, mesmo derramando o café,
esquecendo o açúcar ou adoçando demais. "
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