‘(...) e enquanto
falas e me enredas e me envolves e me fascinas com tua voz monocórdia e sempre
baixa, de estranho acento estrangeiro, penso sempre que o mar não é esse denso
escuro que me contas, sem palmeiras nem ilhas nem baías nem gaivotas, mas um outro
mais claro e verde, num lugar qualquer onde é sempre verão e as emoções limpas
como as areias que pisamos, não sabes desse meu mar porque nada digo, e temo
que seja outra vez aquela coisa piedosa, faminta, as pequenas-esperanças,mas
quando desvio meu olho do teu, dentro de mim guardo sempre teu rosto e sei que
por escolha ou fatalidade, não importa, estamos tão enredados que seria
impossível recuar para não ir até o fim e o fundo disso que nunca vivi antes e
talvez tenha inventado apenas para me distrair nesses dias onde aparentemente
nada acontece e tenha inventado quem sabe em ti um brinquedo semelhante ao meu
para que não passem tão desertas as manhãs e as tardes buscando motivos para os
sustos e as insônias e as inúteis esperas ardentes e loucas invenções noturnas,
e lentamente falas, e lentamente calo, e lentamente aceito, e lentamente
quebro, e lentamente falho, e lentamente caio cada vez mais fundo e já não consigo
voltar à tona porque a mão que me estendes ao invés de me emergir me afunda
mais e mais enquanto dizes e contas e repetes essas histórias longas, essas
histórias tristes, essas histórias loucas como esta que acabaria aqui, agora,
assim, se outra vez não viesses e me cegasses e me afogasses nesse mar aberto
que nós sabemos que não acaba nem assim nem agora nem aqui'.
LINDO LINDO
ResponderExcluirSempre Caio!
Vi no Formspring um comentário seu, sobre n conseguir comentar nos meus posts.
Ainda está acontecendo isso? =/
Beeeeeeijos
Boa semana